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O futuro do comércio: Lojas em Shoppings ou Lojas de Rua?

Recentemente, uma matéria divulgada no site Poder trouxe à tona um preocupante cenário para o setor varejista: o aumento expressivo de fechamentos de lojas em shoppings. Conforme o relatório do Bank of America, somente em agosto deste ano, 127 lojas suspenderam suas atividades nos centros comerciais do Brasil. Grandes empresas, como Polishop, Imaginarium e Maybeline, estão entre as mais afetadas por essa tendência. 

A reportagem salienta que as elevadas taxas de juros têm pressionado o setor varejista, limitando o poder de compra da população e, por consequência, impactando as vendas das empresas. O Copom (Comitê de Política Monetária) promoveu duas reduções de 0,5 ponto percentual na taxa básica, atualmente fixada em 12,75% ao ano.  

Contudo, essas medidas parecem não ser o suficiente para impulsionar uma mudança positiva no cenário. 

Um ponto de destaque foi o impacto financeiro sofrido pelas Lojas Americanas no início do ano. Esse episódio gerou uma postura mais rígida dos bancos na concessão de crédito, prejudicando, em especial, as marcas de moda que registraram vendas aquém das expectativas para as coleções de verão. Ademais, as empresas nacionais enfrentam a crescente concorrência de lojas internacionais que disponibilizam roupas e calçados a preços atrativos via internet. 

Apesar da conjunção desses desafios ser compreensível, um detalhe fundamental não foi destacado na reportagem: o custo de manter uma loja em shopping.

Desvendando o fechamento de lojas em shoppings: O que precisa ser lembrado?

Olá, sou Valquirio Cabral, consultor especializado em vendas para o varejo. Neste artigo, quero mostrar a você os motivos por trás do fechamento de muitas lojas em shoppings e as alternativas que estão surgindo nesse cenário. Continue a leitura e, se tiver dúvidas ou quiser saber mais sobre algum ponto, é só me enviar uma mensagem. Vamos juntos entender essa situação? 

Após o auge, Shoppings vivem uma crise 

Os shoppings, que viveram um grande boom nos anos 2000, agora enfrentam um cenário diferente. Manter uma loja nesses espaços tem ficado caro. Para os pequenos e médios empresários, os custos em shoppings, como aluguel, taxas de condomínio e fundos promocionais, podem comprometer mais de 15% do faturamento total da loja.  

Isso, a médio prazo, pode ser um problema. E não para por aí: com despesas como eletricidade, segurança, manutenção, taxas e investimentos em marketing, o lucro dos shoppings fica cada vez mais comprometido, dificultando ainda mais as negociações com os lojistas. Diante de todos esses custos e desafios, muitos estão vendo nas lojas de rua uma alternativa estratégica e mais viável. 

O renascimento das Lojas de Rua e a reinvenção dos Shoppings 

Como já destaquei anteriormente, as lojas de rua, com seus custos operacionais mais baixos em relação aos shoppings e uma conexão mais direta com o cliente, estão se destacando como uma alternativa promissora no cenário atual. 

Mas, diante do cenário desafiador, shoppings estão em busca de inovação. Novas abordagens estão surgindo, combinando espaços ao ar livre com áreas cobertas, com o intuito de oferecer ao consumidor uma experiência única, ao mesmo tempo em que tentam diminuir os custos para os lojistas. Por exemplo, alguns shoppings, especialmente em cidades médias, estão adotando áreas sem climatização, com medidas de segurança mais simplificadas e estacionamentos descobertos. Tais ajustes visam não só cortar gastos, mas também responder aos desafios de se manterem como pontos atrativos de compras. 

No entanto, o cenário é complexo e diversos shoppings, inclusive alguns muito conhecidos, não conseguiram suportar as dificuldades financeiras. Casos notórios de recuperação judicial ilustram a gravidade da crise enfrentada pelos shoppings. E, apesar de diversos fatores estarem em jogo, os elevados custos operacionais são constantemente apontados como o grande desafio. Até mesmo titãs do varejo, estão reconhecendo que a estratégia de se localizar majoritariamente em shoppings tornou-se economicamente insustentável. 

O fim da era das lojas deficitárias: a reestruturação dos gigantes do varejo 

Em um cenário de mercado cada vez mais competitivo, até mesmo grandes redes varejistas tradicionais, não estão à salvo das adversidades. Anteriormente, esses varejistas, com seus extensos conjuntos de lojas, podiam permitir que algumas de suas unidades não performassem tão bem, desde que a grande maioria apresentasse bons resultados. A balança entre as lojas lucrativas e as menos rentáveis assegurava uma média de ganhos satisfatória. 

No entanto, diante das margens de lucro que vêm se estreitando, manter lojas que não proporcionam retorno adequado tornou-se economicamente impraticável. O aumento da pressão dos custos operacionais tem diminuído essas margens, restringindo a tolerância para lojas com resultados negativos. Portanto, operar no vermelho por longos períodos não é mais viável, levando os varejistas a repensarem suas estratégias e posicionamento no mercado. 

O dilema dos Shoppings e a resiliência das Lojas de Rua

A transformação recente na dinâmica dos shoppings centers e a ascensão das lojas de rua resultam de uma combinação de fatores inter-relacionados: 

As Lojas de Rua como Alternativa: Em face dessas circunstâncias, diversos varejistas estão percebendo nas lojas de rua uma solução mais atrativa. Estas não só proporcionam um custo operacional mais acessível, mas, graças à revitalização dos centros urbanos e corredores comerciais, mantêm um fluxo constante de clientes. Cidades do interior, como Ribeirão Preto, Araraquara e Campinas, por exemplo, estão vivenciando um aumento no comércio local, notando-se uma tendência de estabelecimentos migrando para recém-criados  corredores comerciais, a céu aberto. 

Desafios de Contratação em Shoppings: A rigidez de horário nos shoppings também se traduziu em um desafio na contratação de pessoal. Trabalhar até tarde, em finais de semana, feriados e períodos festivos é um entrave para muitos. As mencionadas dificuldades de contratação para lojas em shoppings evidenciam isso, com vagas que permanecem sem ser preenchidas por extensos períodos. Por outro lado, contratar colaboradores para lojas de rua, que geralmente são mais flexíveis e operam em horário comercial convencional, é mais simples.  

Competição no Cenário Urbano: Lojas de rua vêm ganhando destaque como concorrentes potentes, particularmente em regiões urbanas e bairros com grande potencial de comércio. Uma tendência observada é a de marcas renomadas e lojas se estabelecendo em ruas. Exemplo disso é a presença cada vez maior de marcas como Óticas Carol, Lupo, O Boticário, Tip Top em lojas de rua. 

Redução de novos Shoppings: Devido aos fatores mencionados, tem-se notado uma redução na abertura de novos shoppings nos anos recentes. Esse cenário incentivou empresas a explorarem alternativas não só como o modelo clássico de loja de rua, como também minicentros e galerias comerciais. 

Uma tendência em ascensão: O deslocamento em direção às lojas de rua e a resistência ao formato tradicional de shopping parece consolidar-se como uma tendência. E, enquanto grandes corporações, com seus vastos recursos, conseguem adaptar-se mais facilmente às mudanças, as pequenas e médias empresas mostram-se mais ágeis ao adotar o formato das lojas de rua. 

Mas, quais são os desafios das lojas de rua?

As lojas de rua, quando comparadas às situadas em shoppings, têm seus próprios desafios. Vamos ver algumas dessas questões: 

Tráfego de Clientes: As lojas de rua geralmente recebem menos visitantes do que aquelas em shoppings. Por isso, torna-se vital investir em estratégias de fidelização, dando destaque ao uso de redes sociais e vendas online. 

Delivery: É essencial investir em sistemas de entrega eficientes, seja para retirada no estabelecimento ou entrega direta ao domicílio do cliente. A capacidade de fornecer produtos de maneira conveniente aos consumidores é um pilar fundamental para o êxito de uma Loja de Rua e representa um de seus maiores diferenciais. 

Publicidade e Segurança: Novos estabelecimentos necessitam de maior investimento em marketing e gestão financeira. A segurança, particularmente em grandes centros urbanos, é um ponto de atenção. 

Concorrência com Shoppings: Muitos shoppings, ao notar a tendência dos lojistas em migrarem para as ruas, têm proposto condições mais atraentes. Posso falar de experiência própria, após realocar uma das minhas lojas para um espaço de rua, o shopping anterior frequentemente tem me abordado com propostas mais vantajosas.  

Embora alguns shoppings continuem em alta, observo que muitos parecem estar saturados e tentam equilibrar seus negócios com reduções e negociações. Contudo, me pergunto até que ponto  essa abordagem será sustentável a longo prazo. 

Aluguel por metro quadrado: Lojas de Rua x Shoppings 

É inegável a recente inclinação de comerciantes e grandes marcas em direção às lojas de rua. E o crescimento do e-commerce exerce uma influência substancial nessa dinâmica. E, embora o comércio eletrônico beneficie as duas modalidades de lojas, as de rua têm mostrado certa vantagem. 

Em shoppings, o aluguel é determinado por metro quadrado, sem muita margem para negociação. Nas ruas, contudo, há uma maior flexibilidade. É possível, por exemplo, alugar um espaço de 100m² e adaptá-lo para diferentes finalidades, como vendas diretas e depósito para o e-commerce. 

Quando analisamos o custo por metro quadrado, há variações notáveis. Shoppings tradicionais com grande fluxo de pessoas, cobram aluguéis até 800 reais por metro quadrado. Em cidades menores, esse valor pode oscilar entre 100 e 300 reais. Tomando como exemplo uma cidade de tamanho mediano do interior paulista, uma loja de rua pode ter um aluguel médio de 100 reais por metro quadrado, enquanto em um shopping local, o valor pode custar até 400 reais. 

Dessa análise, percebe-se que alugar uma loja de rua pode representar uma economia significativa, custando, em muitos casos, um terço ou até menos do valor de um espaço em shopping. Tal economia, somada à versatilidade das ruas, tem sido decisiva para muitos empreendedores ao decidirem a localização de seus negócios. 

Afinal, o que escolher? Lojas de Rua ou Shoppings? 

A dinâmica entre lojas de rua e lojas de shopping tem passado por transformações significativas. As duas frentes do varejo estão enfrentando um cenário onde se adaptar é essencial. A tendência atual sugere um retorno ao modelo tradicional de lojas de rua, mas alguns shoppings ainda podem oferecer um bom negócio.  Por isso, ao decidir onde estabelecer seu ponto de venda, é fundamental que o lojista avalie minuciosamente as tendências de mercado, os custos envolvidos e o comportamento do consumidor. E nunca se esqueça: a localização é, sem dúvida, um dos principais pilares do sucesso no varejo. 

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